- Ano de Lançamento: 2017
- País: Estados Unidos
- Língua: Inglês
- Título Original: The Post
- Diretor: Steven Spielberg
- Avaliação: A arbez
Quando o The New York Times publicou o que eles intitularam Pentagon Papers, ou Papéis do Pentágono, foi aberta uma caixa de Pandora que terminou por derrubar o presidente dos Estados Unidos. Obviamente, após a publicação inicial, o Times foi banido de difundir qualquer material adicional sobre o dossiê, abrindo a janela para que outro jornal assumisse a perigosa responsabilidade de continuar a publicação do caso. O jornal responsável por fazê-lo foi o The Washington Post, que, ao tomar a decisão de continuar a publicar sobre os Papéis do Pentágono, colocou todas as sua fichas em uma aposta que poderia tê-lo arruinado, mas, ao contrário, o elevou ao patamar de grandes como o próprio The New York Times.
A história por si só já é icônica, mas ganha uma importância ainda maior quando sabemos que quem comandava o jornal na época era Kay Graham, viúva de Phil Graham, até então proprietário do Post. Como bem se sabe, naquela época, raras eram as mulheres em posições de poder e foi Kay quem teve a coragem de permitir a publicação do dossiê e levar o Post ao topo.
É uma pena que Spielberg – e os roteiristas Liz Hannah e Josh Singer – tenham extraído um filme tão medíocre de uma história tão excepcional. Em dado momento, o filme parece se conformar com sua mediania e para de tentar. O dinamismo de algumas cenas, a maneira como, durante os primeiros minutos, o experiente diretor passeia com a câmera a fim de inspecionar de perto seus personagens, eventualmente desboca em um rio de mesmice e todo o recheio da trama se torna estagnado.
Spielberg tinha em mãos a oportunidade de tecer uma homenagem à liberdade de imprensa em um momento que não poderia ser mais oportuno. The Post – A Guerra Secreta poderia ter aproveitado a chance que teve de cutucar feridas ainda abertas na história americana e mostrar ao que veio, ser um importante instrumento de conscientização e abrir os olhos de uma audiência que, por muitas vezes, não compreende inteiramente os desafios que a imprensa enfrenta no cenário atual.
No entanto, The Post – A Guerra Secreta mira em Todos os Homens do Presidente e acerta no pobre Spotlight: Segredos Revelados – cujos Oscars de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original ainda me descem quadrado. Sorte de Spielberg ter Meryl, que salva o que pode do filme ao torná-lo muito mais sobre a beleza de se ter mulheres em posições de poder do que qualquer outra coisa. E, se The Post quis mostrar que mulheres tem a total capacidade de serem bem sucedidas em campos de trabalho predominantemente dominados por homens, o fez. E o fez tanto dentro da narrativa quanto fora dela. Graças a Meryl. Sempre Meryl.