- Ano de Lançamento: 2015
- País: Reino Unido
- Língua: Francês
- Título Original: They Will Have To Kill Us First
- Diretor: Johanna Schwartz
- Avaliação: A arbez
Em uma sequência inicial promissora, o documentário financiado através do Kickstarter Terão de Nos Matar Primeiro é claro no tema que pretende abordar: a música. Através de um rap em francês, o filme situa o espectador no cenário atual de Mali, cuja região Norte vem sendo palco de conflitos políticos nos últimos quatro anos.
O povo maliano, como muitos outros povos africanos, tem uma relação intrínseca com a música. Como dito em um dos depoimentos no filme, a música acompanha a gente de Mali nos momentos de celebração e luto, alegria e tristeza. Porém, um dos frutos dos conflitos nortenhos em Mali foi a proibição da música na região, decisão que afetou profundamente os locais. O documentário se utiliza de músicos de algumas cidades do Norte, como Timbuktu, para ilustrar o efeito da proibição e quais as maneiras encontradas pelo povo para combatê-la.
Apesar de começar forte, o filme perde a força em seu desenvolvimento, muitas vezes pulando por entre tópicos sem as devidas pausas ou explicações, perdendo o espectador que não consegue identificar uma linha de raciocínio clara. Ao invés de dissecar o tema por meio de questões secundárias, o documentário prefere adotar uma construção monótona, agravada pela edição insossa e roteiro superficial.
A sorte de Terão De Nos Matar Primeiro é a impossibilidade da audiência não se emocionar ao ouvir os relatos daqueles que perderam não só seus lares como suas fontes de renda e – que me perdoem o clichê – sua razão de viver. A música, para os personagens em tela, é mais do que um emprego, hobby ou forma de lazer. É grito, manifestação, confissão, protesto. Se alastra por todo um país, encontrando vozes paralelas que lutam pelas mesmas causas. A proibição calou não só os músicos, mas Mali inteiro. Poderíamos ver um material bruto, não-editado, e ainda nos emocionaríamos de alguma forma, mas isso não absolve o filme de seus tropeços.
Terão De Nos Matar Primeiro é um daqueles documentários que acredita que a premissa é mais valiosa do que a execução. Fisga, tem o peixe no anzol, e o deixa escapar. Uma pena, pois se trata de uma história que merecia ser bem contada. É um filme sem estrutura, como música sem ritmo. Não vale a pena cantar.